Entrevistas

30/09/2009
Rildo Menezes - Quero agradecer-lhe pela felicidade de ter te conhecido e convivido com a pessoa maravilhosa que você é


Nilton Santos com o amigo Rildo Menezes - Foto: Pamella Lima


O mundo reverenciou o futebol brasileiro campeão mundial em 1958, e os campeões receberam diversas homenagens de seu povo. Na primeira delas, em solo pernambucano, os conterrâneos de Vavá abraçaram a seleção pelas ruas da cidade, como uma euforia singular. No meio da multidão festiva, o jovem Rildo Menezes olhava os craques canarinhos, entre eles, Nilton Santos, a quem muito admirava. Mal sabia que o destino o juntaria ao Enciclopédia anos depois. Um sonho de criança que se tornou verdade. Rildo da Costa Menezes pode se considerar realizado. Jogou ao lado de seu ídolo da juventude e de tantos outros craques nos dois maiores times dos anos 60: o Botafogo (1961-1966) e Santos (1967-1972), chegando inclusive à Seleção comandada por João Saldanha. Diretamente dos Estados Unidos, Rildo Menezes, no Amigos do Nilton do mês de setembro.

Amigos do Nilton: Você nasceu onde e em que ano?
Rildo: Recife, PE, em 23/01/1942

AN: Você lembra como foi o primeiro encontro com Nilton Santos?
Rildo: Foi em um treino do Botafogo. Eu tinha 17 anos e havia sido trazido para fazer teste no juvenil (dez. de 1959) do Botafogo. Após o treino, apresentei-me a ele e falei que era seu fã. Ele foi muito gentil e disse: as pessoas falam tanto que sou bom, que eu vou acabar acreditando.

AN: Como surgiu o interesse do BFR pelo seu futebol, como aconteceu a sua transferência para General Severiano?
Rildo: Eu jogava no Sport F.C de Recife (Juvenil). O time do Botafogo foi jogar lá, o técnico era João Saldanha, e eu joguei na preliminar. Um mês depois, o Sr. Cier Barbosa foi até minha casa dizendo que o João Saldanha tinha gostado de mim, se eu gostaria de ir para o Rio. Mandaram a passagem, fiz o teste e fiquei morando no clube, jogando no juvenil por uma temporada. Ao final, fui chamado por Paulo Amaral para viajar com o time profissional em uma excursão pela América do Sul/Central. Foi ai que eu passei a conhecer melhor o Nilton Santos. Dirigia-me a ele, sempre como “Seu Nilton Santos” pelo respeito que tinha, mas ele falava: “Nilton Santos”. Com o tempo, me acostumei com isto.

AN: Você era muito novo, o que te falaram sobre a constelação de craques alvinegros? Ficou com medo?
Rildo: Não fiquei com medo. Acho que era muito jovem, mas fiquei muito orgulhoso e tinha o Nilton Santos jogando perto de mim e me orientando sempre. Por isso me sentia muito confiante. Era fácil jogar com os craques do Botafogo.

AN: Na sua posição de ofício, jogava Nilton Santos. Como foi conseguir entrar nesse time?
Rildo: Após a contusão de um 4º zagueiro, Nilton Santos passou a jogar nesta posição e eu fui colocado na lateral esquerda. Depois deste jogo, com 18 anos, com o apoio dele e de Sandro Moreira, me tornei titular durante todo o tempo que joguei pelo Botafogo.

AN: Que importância Nilton teve na sua carreira? E na sua vida?
Rildo: Nilton Santos foi a pessoa de maior importância na minha carreira, pois sempre procurei me espelhar na sua maneira de jogar, sem querer ser um novo Nilton Santos, porque ele foi único; mas tentando ser um bom profissional e com o desejo de jogar na Seleção Brasileira. Nilton também teve influência direta na minha vida particular, sempre me orientando a levar uma vida responsável fora do campo.

AN: Como você descreveria Nilton Santos como jogador?
Rildo: Um jogador fora de série.

AN: A imagem do Nilton é de que ele era tranqüilo e sério. Mas, como era Nilton nos treinos, na concentração. Ele não brincava, não?
Rildo: Brincava, colocava apelidos, era muito gozador. Pra mim, ele deu o apelido "esquilo", por minha rapidez.

AN: Você atuou ao lado de muitos craques no clube e na Seleção Brasileira: Nilton Santos, Pelé, Tostão, Carlos Alberto Torres, entre tantos outros. Como era a sua relação com eles extra-campo?
Rildo: Sempre tivemos e ainda mantemos uma boa relação. Sou uma pessoa muito extrovertida, de fácil convivência e gosto de manter minhas amizades.

AN: Você mora nos EUA e desenvolve um projeto, uma escola de futebol. Fale-nos um pouco sobre ele.
Rildo: Atualmente, dou clínica para crianças de diversas idades. Já fui técnico de vários clubes e tive como alunos, Joe Max Moore, Jeff Agus e Aruti, que chegaram à Seleção dos EEUU.

AN: Como você percebe o futebol norte-americano? Que avanços você destacaria?
Rildo: Acho que o futebol americano se divide antes e depois que Pelé, Carlos Alberto Torres e Beckembauer jogaram no NY Cosmos. O futebol americano melhorou o nível técnico.

AN: Apesar de morar em outro país, você tenta visitar o Brasil com alguma freqüência. No início do ano, você visitou o Nilton, fato que o deixou muito contente. Como foi essa visita?
Rildo: A visita foi muito prazeirosa pela importância que o Nilton Santos significa pra mim. Fiquei muito feliz, mas não foi a primeira vez que nos encontramos. Sempre que vou ao Rio, tento encontrá-lo.

AN: Gostaria de deixar alguma mensagem para a Enciclopédia? Qual?
Rildo: Claro! Nilton, quero agradecer-lhe pela felicidade de ter te conhecido e convivido com a pessoa maravilhosa que você é: um dos maiores jogadores de toda a historia do futebol brasileiro. (Meu amigo)!



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