Minha Vida

Às 19 horas do dia 16 de maio de 1925, nascia Nilton dos Santos, o primeiro dos sete filhos de Seu Pedro e Dona Josélia. Nascia no Rio de Janeiro uma estrela do futebol brasileiro e mundial que, antes de começar sua carreira, passou por muitas coisas na vida. A Ilha do Governador era um bairro humilde, mas privilegiado com uma natureza estonteante, repleto de árvores, praias, nascentes de água doce. Nilton e sua família viviam uma vida simples, porém cheia de saúde e festas. Seu Pedro era pescador e desde cedo seus filhos tiveram muito contato com o mar e com a pescaria. Mais tarde esse viria a ser um grande hobbie de Nilton.

Nilton Santos sempre teve muitos amigos onde estudou, na Escola Municipal Alberto de Oliveira, e o futebol sempre foi uma paixão; desde pequeno ele jogava peladas e já mostrava que seu futebol daria frutos. Aos 19 anos, foi servir à Aeronáutica e foi lá que surgiu a oportunidade de ir para um grande Clube de Futebol do Rio de Janeiro. Aos 23 anos, ele se juntou ao plantel do Botafogo de Futebol e Regatas, deixando a Ilha para morar em Botafogo, na própria sede de General Severiano.

Longe de casa, a saudade muitas vezes batia. Mas Carlito Rocha, ex-presidente do Botafogo, aconselhava-o a se distrair. E Nilton adorava as novidades! O Cinema Guanabara, na praia de Botafogo, era um de seus lugares favoritos. Com o tempo, as coisas ficaram mais fáceis; mesmo assim, já morando em uma República de Jogadores do Botafogo, em Copacabana, Nilton continuava a ir à Ilha sempre que podia. E lá contava ao seu pai, que só ouvia os jogos no rádio, sobre suas peripécias de jogador.

Durante seus anos no Botafogo, Nilton fez grandes amigos. Os jornalistas Sandro Moreyra e Armando Nogueira foram dois deles; os três botafoguenses saíam juntos para a noite, para as festas e para as excursões do Botafogo e da Seleção Brasileira. Foi mais ou menos na mesma época, também, que os três casaram. Nilton casou-se com sua primeira esposa, Abigail Batalha Teixeira, com quem teve dois filhos: Carlos Eduardo e Andréa. E Hanna, sua única neta, filha do Carlos Eduardo.

Mas, talvez, seu maior amigo tenha sido Mané Garrincha. Era com ele que Nilton dividia o gramado, as concentrações, as dificuldades em campo e as alegrias do futebol. Até hoje, Nilton refere-se a Garrincha com um amor fraternal, de irmão mais velho. 

Nilton jogou no Botafogo por 18 anos e foi em 1964 que decidiu parar. Sua última partida oficial foi contra o Flamengo no Maracanã onde recebeu uma grande homenagem do time rubro-negro e encerrou sua carreira com uma vitória de 1 a 0.

Mesmo encerrando a carreira de jogador, ele nunca deixou de ser um boleiro. Treinou apenas cinco times, o Galícia e o Vitória, ambos da Bahia, o Bonsucesso do Rio de Janeiro, o São Paulo do Rio Grande do Sul e o Taguatinga de Brasília, porém a carreira de treinador nunca o agradou. Ainda passou alguns anos como diretor de futebol no Botafogo, trabalhou para a ADEG (hoje, SUDERJ) e teve uma loja de produtos esportivos “Nilton Santos Material Esportivo Ltda.”, empreendimento que não deu certo, segundo o próprio Nilton, porque ele não sabe vender nem cobrar de ninguém. Foi nessa época também que Nilton conheceu sua segunda esposa, Maria Coeli Santos, com quem ficou casado até o fim da vida.

Mas o que realmente agradou Nilton depois de encerrar a sua carreira de jogador de futebol profissional foi o seu trabalho com crianças. Formando escolinhas, ainda trabalhando na ADEG, Nilton descobriu o prazer de ensinar as magias do futebol. Trabalhou com crianças carentes em Niterói, na Ilha do Governador, na Favela da Maré e em Uberaba (MG) até chegar em Brasília. Ele conheceu a cidade comentando sobre a Copa de 1986, a convite de Armando Nogueira. E lá decidiu ficar por muito tempo.

Nilton ajudou mais de mil crianças em Brasília, esforçou-se para realizar um lindo trabalho até nas condições mais adversas e só parou porque não mais tinha lugar para abrigar os meninos. Foi então que decidiu voltar para o Rio de Janeiro.

Morando na cidade de Araruama, ele escreveu e lançou, em 1998, uma autobiografia de muito sucesso intitulada “Minha Bola, Minha Vida”, na qual conta detalhadamente todos os passos que deu em sua vida.

Nilton Santos faleceu às 15h50 do dia 27/11/2013, aos 88 anos, na Fundação Bela Lopes, em Botafogo, Zona Sul do Rio, vítma de uma infecção pulmonar.

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